O Médico Adilson Camargo adverte:
Não é de hoje que a gordura corporal é encarada como uma das principais responsáveis por uma série de doenças, que vão desde infarto e problemas na coluna a alteração nos níveis de colesterol e aumento no risco de derrame e câncer. No entanto, a maneira como essa gordura está distribuída pelo corpo é tão preocupante quanto a simples presença dela.
Estudo publicado no último dia 26 na edição online da revista “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia, aponta que a concentração de gordura na barriga (obesidade abdominal) aumenta o risco da pessoa desenvolver algum tipo de demência, entre elas o mal de Alzheimer.
Além disso, o peso da barriga pode provocar problemas na coluna, no joelho e no tornozelo. Por causa do excesso de gordura, há ainda o risco de se desenvolver hipertensão arterial – o grande vilão dos acidentes vasculares -, diabetes e deficiência no sistema circulatório, que pode levar à isquemia cerebral.
A obesidade abdominal, também conhecida como a barriga “de cerveja”, no caso dos homens, é uma das mais danosas para o corpo humano. O perigo decorre da proximidade dessa gordura com órgãos vitais do organismo, como fígado, intestino, rins e pâncreas.
De acordo com o cardiologista Plínio de Almeida Barros Neto, 31 anos, atualmente, cerca de 60% dos brasileiros adultos têm acúmulo de gordura na cintura acima do limite permitido. Para checar esse limite, a melhor ferramenta continua sendo a fita métrica. Medir a circunferência da cintura é um bom e confiável parâmetro para avaliar o tamanho do risco que o acúmulo de gordura representa.
Segundo tabela da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), se a circunferência abdominal for maior que 102 centímetros, nos homens, é um sinal de que existe mais gordura do que o permitido no abdômen. Na mulher, a medida não pode ultrapassar os 88 centímetros. A circunferência pode ser medida passando uma fita métrica na linha do umbigo, com o tórax sem
roupa.
O estudo divulgado pela “Neurology” no último dia 26, mostra que quanto mais gordura acumulada nessa região por volta dos 40 anos, maior é o risco da pessoa desenvolver algum tipo de demência quando ela tiver 70 anos, aproximadamente.
De acordo com o neurologista Laertel Fassoni, 66 anos, a demência é provocada, entre outros fatores, por deficiência na circulação sangüínea e conseqüente falta de oxigenação no cérebro.
Ele explica que quem é gordo ou tem uma barriga avantajada normalmente tem dislipidemia (aumento anormal da taxa de gordura no sangue) e isso vai entupindo as artérias. Como conseqüência, o bombeamento de sangue pelo corpo, especialmente na cabeça, torna-se deficiente, o que aumenta muito a probabilidade de ocorrências graves, como isquemia (diminuição do fluxo sangüíneo numa determinada região do corpo), derrame e mal de Alzheimer.
“Barriga grande aumenta o risco de tudo, mas as pessoas preferem tomar remédio a mudar o estilo de vida, com atividade física e dieta balanceada”, afirma o neurologista.
A pesquisa publicada na revista ouviu mais de 6.500 pessoas. Elas foram monitoradas por cerca de 30 anos. Quando tinham entre 40 e 45 anos, registraram suas medidas no abdome. Ao chegar aos 70 anos, quase 16% dos participantes receberam um diagnóstico de demência.
A conclusão do estudo foi de que ter barriga saliente além do normal aumenta o risco de demência mesmo que a pessoa não seja obesa. Quando se analisa os “barrigudos” com sobrepeso, constata-se que a probabilidade de eles desenvolverem demência é 3,6 vezes maior do que as pessoas com peso e medida abdominal normais. Isso mostra que não é necessário ser obeso, ou mesmo estar acima do peso, para correr sérios riscos de saúde. É preciso apenas ser barrigudo.
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